segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Autodefesa

E tua visão tornou-se turva àquela imagem
Um rosto embaçado
Sem traços característicos como os que percebia antes

Como um vidro embaçado
Molhado pelos pingos da chuva
Ou o efeito de um para-brisas q não funciona mais

Como um míope com a consulta já atrasada
Com suas viseiras arranhadas
Sem data de trocar as lentes

Talvez autodefesa
De uma chama não mais acesa
E que nem pode se atrever

O olho cego
Deficiente do que não quer ver
Criando seus próprios empecilhos

Sua parte humanizada
Agora acabrunhada
Por um senso bipolar

Resquícios de um morto sequer com sepultura
Indigno no corpo de uma carne ainda pulsante
Lateja apenas o sentimento de não possuir o que possuiu

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Dedicatória especial

"De antemão

Peço perdão

Aos falsos moralistas de plantão

E também aos verdadeiros, mesmo que com um verso a mais, sem rima alguma"

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Insônia

Quem dera nunca tivesse despertado
Pois que estava norteado
E deveria ter assim ficado
Para o seu próprio bem

Como um infortunado pelo mal da insônia
Que se sente afagado
Nem que por uns instantes
Com suas pílulas de diazepam

Ou o outro já em êxtase
Por efeitos que lhe privam os sentidos
Que lhe tiram por um momento
De sua paupérrima condição

Mas quis sentir sem sair da realidade
Sem fingir o que não sentiu
Pois viu todos vazios
Sem sentimento algum

Como espelhos sem reflexo
Talvez apenas corpos inertes
Esperando choques térmicos
Que lhe façam ao normal voltar

A agonia em chegar o fim do dia
O fim do mês, mas que não finda mal algum
O desprazer em conhecer
Pois o que mais importava já não importa mais

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Ousadia

Muito mais fundo que a sete palmos
Um buraco cavado sem pá nem mão
Escrito "Jaz aqui o que um dia foi;
Sem essa de bíblica ressurreição"

No epitáfio em um lugar incerto
Privado de coordenadas de localização
Sepultado com destino ímpar
Abre portal a outra dimensão

Em carapaça vivida
Mas já não tão viva
Eis que o encapuzado já lhe fez visita

Uma caixa bem lacrada
Agora foi o que restou de herança
Mas duvido que haja ser no mundo que a consiga abrir



Indicação

Procurando coisas interessantes esses dias, encontrei uma página que me chamou atenção. Um tumbrl (microblog) só de gifs, com um senhorzinho na frente em pose de observador.


É o “Connoisseur dos GIFs". 

Tudo começou com a obra de Normal Rockwell The Connoisseur, que retrata um homem observando uma pintura abstrata de Jackson Pollock. Eis a obra...



O significado do quadro tem sido motivo de debate no mundo da arte – será que ele significa ironia em relação ao expressionismo de Pollock? Apreciação? Ou retrata algo muito mais profundo: o momento em que uma pintura se transforma em arte de verdade? Essa última teoria foi criada pelo autor/a anônimo do GIF Connoisseur, que cria GIFs incríveis e coloca o observador de Rockwell em sua frente, contemplando as obras. 

Alguns gifs do Tumbrl para o deleite de vocês, leitores...










Fonte: Blog Galileu / The Gif Connoisseur





Sugestão

Pra quem gosta de coisas psicodélicas, indico esse link...

http://scorpiondagger.tumblr.com/










Um pouco de psicodelia pra vocês...



Essa é do David Ope, um autoproclamado “animated gif artist” (artista de gifs animados)


sábado, 31 de agosto de 2013

Sem Título 1




Não filha, eu não gosto de guitarras
Nem de passarinhos verdes
Eles voam rápido demais
É claro que os beija-flores são bem mais rápidos
Mas ninguém consegue ver as asas dos beija-flores direito
Então isso não importa
Os passarinhos verdes é que vão ficar de castigo
Mas não no milho
Se é comestível,
é mais prêmio que castigo
E eles ficariam mal acostumados
Mas quem come milho é papagaio
E o periquito leva a fama
Não fuja passarinho
Não terminei a conversa
Passarinhos educados escutam os seus donos
Mainha já dizia isso
Não mentira, não dizia não
Mas mesmo assim, se aquiete
E pinte as penas
Isso mesmo
Não muito coloridas
Porque se não ia parecer um pavão
E você não tem lá muita altura
De preferência tire as penas
Isso mesmo
Não, não
Não saberia onde comprar novas
E me daria muita pena tirar as da galinha
Imagina só
Um passarinho pelado não seria verde
Só seria pelado
E friento
Eu não gostaria de dividir meu lençol
Talvez um novo pra você
Mas não, passarinho cabisbaixo não
Melhor que voe
Trate de molhar as patinhas num pote de tinta
E me escreva
Mas cuidado na redação
Frases com duplo sentido não são muito convenientes.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

...



E entraram todos na arca
Menos aquele passarinho
Era verde demais
E Noé não gostava muito de passarinhos verdes
Eles eram muito inquietos - dizia ele.

Dodô



Pobre dodô
Simpático
Gorducho
Mas pobre bichinho
Coitadinho
Manso foi demais
Sumindo aos poucos foi e assim...
... declarado oficialmente extinto.




quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Trancafiado

Eis que amor confuso
Cheio de mistérios
Ah amor teimoso
Tentaste matá-lo e permaneceste vivo
Merecias ficar de castigo
Num canto de parede
Em cima do milho
Devia ter-lo feito chorar
Aprender-te-ia a lição
Amor pagão!
Tranco-lo-ei e jogarei a chave de teu coração
Ao alcance daquele que lhe tomou a razão.

by Bruna Samara

Angústias hiperbólicas


E quantas lágrimas irá chorar
E quantos baldes cheios irá encher
Foste hiperbólica em suas angústias
Pois que suas angústias superaram sua própria dor

Te aquietes em seu martírio

Pois o furo que lhe deixaste
Foste ao mesmo despaltério
Com suas espátulas sepulcrando o que foste belo

Destarte não há mais que nada

Já exploraste tudo de mais pútrido
E pelo que houveste em si restado
Não haverias mais que restos para recompor


by Bruna Samara











terça-feira, 30 de julho de 2013

quinta-feira, 25 de julho de 2013

À sua noção...

E quanto aquele todo, antes que parecia vazio
Encheu-se de repente
E virou todo por completo
Encheu-se por certo
Pois que se viu faltando-lhe a parte
Que lhe fora arrancada
Por sua própria noção
E aquela falta, lhe trouxe de volta a inteira razão

by Bruna Samara

terça-feira, 23 de julho de 2013

Escolha Feita

A ferida que nasce no peito
Deixa o pobre coração angustiado
Morto, em pedaços
Livre de qualquer resolução

O amor que vai embora
Sujeito de qualquer hora
Abandona-o na mais pura demência
Sem habilidades, sequer de pensar

A fina película assim rompida
De um morto ainda em vida
Desaba seu mundo
E o deixa a mercê do escárnio interior

O sangue derramado pela alma
Assim num instante contínuo
Fortalece e revigora
Nos ensina que às vezes temos que perder para ganhar



by Bruna Samara.

Perspectivas

Pois que mudaram-se os hábitos
A dúvida que maculava antes não há mais
Ou há, sem saber-se ao certo onde se perdeu
Pois que antes a dúvida de uma certeza certa
Pela certeza de uma certeza incerta
Fuga de parâmetros
Parâmetros inconstantes, incertos
E aquele pedaço teu que faltava ao meu
Mais era na verdade um pedaço sem destino
De um confuso resolvido por acaso sem solução
Ditos por não ditos
Não ditos por escrito
Um ponto sem final, eis o conflito

by Bruna Samara.

domingo, 7 de julho de 2013

O Diário de Anne Frank (O Filme)




                                              Uma boa dica!

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Prisões...




- Assim, professor – tornou a falar após alguns minutos de reflexão – o senhor não advinha o que devem fazer as pessoas que não podem escapar de uma prisão?
- Não, meu amigo.
- Nada mais simples. Devem acomodar-se para permanecerem nela.

(fonte desconhecida)

Algumas prisões reais, outras psicológicas, nem sempre é tão fácil se libertar dessas prisões, é mais fácil acomodar-se a elas... Mas é preciso tentar! Às vezes a gente tem que deixar ir o que nos aprisiona, o que nos faz mal, mesmo que isso possa parecer tão difícil.