sexta-feira, 3 de junho de 2016

Momento Retrô



Há um disco velho dentro do teu coração
Insistindo que seu toca fitas é uma vitrola

Não há canção alguma.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Seu moço



Os moços novos ainda têm muito para amar
Os moços novos ainda têm muito o que aprender
Não têm essas cicatrizes que o tempo há de fazer
Não têm tanto medo assim de arriscar

Sorte da mulher que tem um moço novo para amar
Um moço novo que queira se entregar
Sorte dela e do moço novo que se deixa amar

Ah moços novos, que um dia serão velhos
Quem dera por um descuido

Moço novo fosse eterno!

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A Saga do Passarinho

O passarinho de novo,
bichinho buliçoso,
me dando problemas outra vez!
Ah passarinho teimoso
Nem inventes de querer sair
Se eu te pego, te deixo manco
Só não lhe prendo porque não gosto de maltratá-lo, tadinho
E você tem sorte, manco só nos sentidos
Mas "ai" de você de querer sair escondido
Vai que penso bem e resolvo fazer de ti um cozido?
Talvez uma coleirinha
Já pensou o trabalho que me daria achar uma do tamanho do teu pescocinho?
Melhor ficar quietinho
Da última vez...
Ah meu bem,

Só não quero que se perca de vista.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Autodefesa

E tua visão tornou-se turva àquela imagem
Um rosto embaçado
Sem traços característicos como os que percebia antes

Como um vidro embaçado
Molhado pelos pingos da chuva
Ou o efeito de um para-brisas q não funciona mais

Como um míope com a consulta já atrasada
Com suas viseiras arranhadas
Sem data de trocar as lentes

Talvez autodefesa
De uma chama não mais acesa
E que nem pode se atrever

O olho cego
Deficiente do que não quer ver
Criando seus próprios empecilhos

Sua parte humanizada
Agora acabrunhada
Por um senso bipolar

Resquícios de um morto sequer com sepultura
Indigno no corpo de uma carne ainda pulsante
Lateja apenas o sentimento de não possuir o que possuiu

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Dedicatória especial

"De antemão

Peço perdão

Aos falsos moralistas de plantão

E também aos verdadeiros, mesmo que com um verso a mais, sem rima alguma"

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Insônia

Quem dera nunca tivesse despertado
Pois que estava norteado
E deveria ter assim ficado
Para o seu próprio bem

Como um infortunado pelo mal da insônia
Que se sente afagado
Nem que por uns instantes
Com suas pílulas de diazepam

Ou o outro já em êxtase
Por efeitos que lhe privam os sentidos
Que lhe tiram por um momento
De sua paupérrima condição

Mas quis sentir sem sair da realidade
Sem fingir o que não sentiu
Pois viu todos vazios
Sem sentimento algum

Como espelhos sem reflexo
Talvez apenas corpos inertes
Esperando choques térmicos
Que lhe façam ao normal voltar

A agonia em chegar o fim do dia
O fim do mês, mas que não finda mal algum
O desprazer em conhecer
Pois o que mais importava já não importa mais

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Ousadia

Muito mais fundo que a sete palmos
Um buraco cavado sem pá nem mão
Escrito "Jaz aqui o que um dia foi;
Sem essa de bíblica ressurreição"

No epitáfio em um lugar incerto
Privado de coordenadas de localização
Sepultado com destino ímpar
Abre portal a outra dimensão

Em carapaça vivida
Mas já não tão viva
Eis que o encapuzado já lhe fez visita

Uma caixa bem lacrada
Agora foi o que restou de herança
Mas duvido que haja ser no mundo que a consiga abrir