E tua visão tornou-se turva
àquela imagem
Um rosto embaçado
Sem traços característicos como
os que percebia antes
Como um vidro embaçado
Molhado pelos pingos da chuva
Ou o efeito de um para-brisas q
não funciona mais
Como um míope com a consulta já
atrasada
Com suas viseiras arranhadas
Sem data de trocar as lentes
Talvez autodefesa
De uma chama não mais acesa
E que nem pode se atrever
O olho cego
Deficiente do que não quer ver
Criando seus próprios empecilhos
Sua parte humanizada
Agora acabrunhada
Por um senso bipolar
Resquícios de um morto sequer com
sepultura
Indigno no corpo de uma carne
ainda pulsante
Lateja apenas o sentimento de não
possuir o que possuiu
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