sábado, 31 de agosto de 2013

Sem Título 1




Não filha, eu não gosto de guitarras
Nem de passarinhos verdes
Eles voam rápido demais
É claro que os beija-flores são bem mais rápidos
Mas ninguém consegue ver as asas dos beija-flores direito
Então isso não importa
Os passarinhos verdes é que vão ficar de castigo
Mas não no milho
Se é comestível,
é mais prêmio que castigo
E eles ficariam mal acostumados
Mas quem come milho é papagaio
E o periquito leva a fama
Não fuja passarinho
Não terminei a conversa
Passarinhos educados escutam os seus donos
Mainha já dizia isso
Não mentira, não dizia não
Mas mesmo assim, se aquiete
E pinte as penas
Isso mesmo
Não muito coloridas
Porque se não ia parecer um pavão
E você não tem lá muita altura
De preferência tire as penas
Isso mesmo
Não, não
Não saberia onde comprar novas
E me daria muita pena tirar as da galinha
Imagina só
Um passarinho pelado não seria verde
Só seria pelado
E friento
Eu não gostaria de dividir meu lençol
Talvez um novo pra você
Mas não, passarinho cabisbaixo não
Melhor que voe
Trate de molhar as patinhas num pote de tinta
E me escreva
Mas cuidado na redação
Frases com duplo sentido não são muito convenientes.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

...



E entraram todos na arca
Menos aquele passarinho
Era verde demais
E Noé não gostava muito de passarinhos verdes
Eles eram muito inquietos - dizia ele.

Dodô



Pobre dodô
Simpático
Gorducho
Mas pobre bichinho
Coitadinho
Manso foi demais
Sumindo aos poucos foi e assim...
... declarado oficialmente extinto.




quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Trancafiado

Eis que amor confuso
Cheio de mistérios
Ah amor teimoso
Tentaste matá-lo e permaneceste vivo
Merecias ficar de castigo
Num canto de parede
Em cima do milho
Devia ter-lo feito chorar
Aprender-te-ia a lição
Amor pagão!
Tranco-lo-ei e jogarei a chave de teu coração
Ao alcance daquele que lhe tomou a razão.

by Bruna Samara

Angústias hiperbólicas


E quantas lágrimas irá chorar
E quantos baldes cheios irá encher
Foste hiperbólica em suas angústias
Pois que suas angústias superaram sua própria dor

Te aquietes em seu martírio

Pois o furo que lhe deixaste
Foste ao mesmo despaltério
Com suas espátulas sepulcrando o que foste belo

Destarte não há mais que nada

Já exploraste tudo de mais pútrido
E pelo que houveste em si restado
Não haverias mais que restos para recompor


by Bruna Samara