É antiga a idéia de que acima do direito positivo, está o direito natural. Este é a própria noção de justiça do homem, e tem perdurado ao longo dos anos. É mais um conteúdo ético, e provavelmente nunca irá desaparecer. No caso do julgamento de Nuremberg, não havia uma lei positiva que alegasse ser possível processar os vencidos de uma guerra, mas havia o direito natural a vida, que havia sido ferido. Afinal, quantas pessoas haviam sido mortas por causa dos nazistas?
Dizendo isto, é até possível em uma primeira análise considerar justo o julgamento por tal genocídio. Mas quando averiguamos as situações em que o julgamento foi feito, percebemos que não foi assim tão justo. Afinal, foram os próprios vencedores da guerra que realizaram o tribunal de exceção.
Aprofundando-se na questão do tribunal de Nuremberg, podemos perceber que eles não foram punidos somente por terem sido responsáveis pelo extermínio de 6 milhões de judeus, mas também por terem sido os perdedores da guerra. Eles levaram a culpa por todas as atrocidades cometidas na segunda guerra. Afinal, precisava-se de um culpado e os nazistas foram os escolhidos para isso. O ódio da humanidade foi direcionado para um lado que convinha aos aliados.
Como se explica o fato de que os crimes alemães tenham sido considerados tão absurdos e as bombas atômicas jogadas sobre Hiroshima e Nagasaki pelos EUA, que mataram centenas de milhares de pessoas e que tem diversas conseqüências sentidas ate os dias de hoje, sejam consideradas apenas “normais”?
É certo que os crimes nazistas foram bastante graves e mereciam sim uma punição adequada. Mas, nada justifica que os crimes de guerra cometidos pelos “aliados” tenham ficado impunes. No final das contas, o lado vencedor impõe seu ponto de vista a todos. E nós assistimos tudo isso, sem poder fazer nada. Porque afinal, são eles que ditam as regras, e nós ouvimos calados.
